18/11/2016

Pedacinhos de Riot Grrrl nas Teddy Girls

Por Jéssica Amanda

Ao nos depararmos com uma subcultura, seja ela qual for, podemos ver que as pessoas que a compõem possuem um estilo de vida, pensamentos, idéias, e modos de se vestir próprios que os caracterizam por pertencer a esse grupo e não a outro. Então, quando olhamos para uma outra tribo que se distancie, seja por questões de espaço temporal, de espaço físico ou esteticamente dessa primeira que foi analisada, é curioso que ainda assim podemos encontrar elementos em comum entre elas. Isso aconteceu quando estava pesquisando sobre a estética do movimento Riot Grrrl.

As Riot Girls foram, em sua maioria esmagadora, meninas que se reuniram inicialmente na década de 1990 nos Estados Unidos, para discutir e expor por meio da música punk rock, das fanzines, da sua estética e de seus comportamentos sobre os direitos das mulheres, no que diz respeito aos papéis sociais e padrões de belezas que elas deveriam seguir para serem aceitas em sociedade. Essas causas vêm sendo discutidas até hoje, também de outras formas como na moda, sendo tema de desfiles, de propagandas de marcas e produtos, e de discussões em blogs.

Como essas meninas do movimento Riot Grrrl estavam inseridas nesse cenário de música punk, de busca de independência visual e de autonomia para fazer suas escolhas, as suas vestimentas e estilos seguiram essa ideia. Apesar de não haver uma rotulação de como as suas roupas, maquiagem e cabelos deveriam ser, podemos ver uma referências do punk, heavy metal, no wave, grunge, kinderwhore, do vestuário masculino e da moda dos anos 60 em suas composições.

Bikini Kill





Elas queriam ser julgadas por suas personalidades, por isso não faziam questão de parecerem bonitinhas, meigas ou bem comportadas. Sendo assim, as mulheres usavam um mix de peças leves como baby look, t-shirts, saia evasê ou mais sensuais como minissaias, vestidos curtos, lingerie junto a calçados, como botas, coturnos e tênis All Star, dando um ar mais pesado ao look.

Ou ainda se utilizavam das vestimentas masculinas, tais como bermudas e bonés, e raspavam a cabeça, como forma de fazer a desconstrução de gênero, o que pode ser visto também nas letras da músicas. Elas também faziam uso de piercings e tatuagens, utilizando seu corpo como discurso político.

Sleater-Kinney




Entre outras características da sua indumentária são o uso de dreadlocks, moicanos, o não uso de maquiagem, e as combinações ousadas.  A sexualidade era frequentemente enfatizada, ainda que por um ponto de vista agressivamente feminino.

Bratmobile



Após observar alguns dos vários estilos que uma riot girl poderia ter, lembrei de um outro grupo de garotas que inovaram esteticamente em seu modo de vestir e de se comportar, principalmente nas práticas ligadas ao lazer, como a moda e a música rock'n roll e o jazz, também fugindo dos padrões da sua sociedade. Os Teds, que seriam os Teddy Boys e Teddy Girls, uma das primeiras subculturas juvenis, que surgiu na década de 1950, em Londres. Eles usavam a estética inspirada na Era Edwardian, o dandismo.

As garotas Teddy Girls também eram conhecidas como Judies, tinham entre 14 a 17 anos e já haviam largado a escola por volta dos seus 14 anos, começando a trabalhar como secretárias ou em fábricas nas periferias de Londres. Como muitos de vocês podem saber, a década de 1950 foi marcada pela silhueta do New Look da Dior e seu romantismo, então surgem essas garotas, que eram marginalizadas pela mídia, com uma estética andrógina, trazendo o vestuário dos teddy boys para o estilo do grupo. Paletó, jaquetas, blazers, coletes, calças, laços finos no pescoço e os topetes, utilizando bastante fixador para moldá-los, porém não deixando de ser femininas.

Fotografia por Ken Russell

Jean Rayner (14 Anos) - Fotografia por Ken Russell

Além dos topetes, precursores do penteado mohawk, a vestimenta do guarda roupa masculino também é um outro aspecto em comum com as Riot Girls.

Fotografia por Ken Russell

Fotografia por Ken Russell
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O curioso é que essas fotos acima, produzidas pelo fotógrafo e diretor Ken Russell, são um dos poucos registro dessa subcultura. Publicadas em 1955, elas teriam desaparecido e só foram encontradas novamente em 2005, quando uma caixa com os negativos de Russell fora descoberta e com ela as fotos das Teddys Girls.

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